domingo, 25 de abril de 2010

Mundo Desigual: O gasto perdulário como causa da pobreza.






























Vídeo: Os Palestinos da Amazonia

Vídeo em 3 partes com depoimentos de lavradores amazônicos nos acampamentos da Liga dos Camponeses Pobres, no interior de Rondônia. A luta de um povo forte, que sofre o diabo, mas que não tem medo dele.

Parte 1


Parte 2


Parte 3

Fonte: http://www.youtube.com/user/Latuff

O Dinheiro como Dívida ( documentário sobre como se cria e como funciona o dinheiro)



O Dinheiro como Dívida é um documentário didáctico onde se explica como é criado e como funciona o dinheiro. Depois de visto, ninguém mais poderá dizer que não sabe como funciona o estranho e iníquo mundo financeiro capitalista.
Sintomático é a frase que se ouve a certo momento do conhecido banqueiro Meyer Rothschild, fundador da dinastia financeira Rothschild, em que ele diz:
«Dêem-me o controle do dinheiro e não me importa saber quem faz as leis» ("Permit me to issue and control the money of a nation, and I care not who makes its laws."Mayer Amschel Rothschild, International Banker )
«O nosso sistema monetário é isto: se não houver dívidas, não há dinheiro» (“That is what our money system is. If there were no debts in our money system, there wouldn’t be any money.” ) Marriner S. Eccles, Chairman and Governor of the Federal Reserve Board
«O estudo do dinheirio na economia é, antes do mais, uma complexa forma que é usada para mascarar a verdade, isto é, para escondê-la em vez de a revelar » («The study of money, above all other fields in economics, is one in which complexity is used to disguise truth or to evade truth, not to reveal it.”»)
John Kenneth Galbraith , economist, author, Money: Whence it came, where it went - 1975, p15
«O dinheiro é uma nova forma de escravidão e distingue-se da antiga pelo simples facto de que agora a escravatura é impessoal, ou seja, não existe uma relação humana entre o senhor e o escravo» (“Money is a new form of slavery, and distinguishable from the old simply by the fact that it is impersonal, that there is no human relation between master and slave.” ) Leo Tolstoi
Compreender o dinheiro:http://wfhummel.net/
Veja o Documentário:

Parte 1



Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Fonte:
http://pimentanegra.blogspot.com/2010/01/o-dinheiro-como-divida-documentario.html
Para saber mais:http://www.moneyasdebt.net/
Compreender o dinheiro:http://wfhummel.net/

terça-feira, 20 de abril de 2010

Documentário: A guerra contra a democracia


Documentário de John Pilger sobre as agressões estado-unidenses à América Latina (legendado em português do Brasil)

A Guerra Contra a Democracia (documentário)
Neste documentário John Pilger mostra a perseguição histórica dos Estados Unidos, não pela democracia, mas CONTRA ela. Os EUA, ao contrário de levar a democracia ao mundo (como sempre propagam…), na verdade tem feito de tudo para que isso não aconteça. Viajando para vários países (Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Chile, Bolívia, Venezuela), John Pilger mostra as repetidas vezes na história do continente onde os EUA usou as armas para suplantar governos democraticamente eleitos.
O documentário tem um nível de detalhamento e atualidade profundo, indo fundo em cada caso. Contendo entrevistas com o presidente Hugo Chávez, com pessoas comuns nos “barrios” de Caracas organizadas nas “misiones” que lêem sua constituição; com pessoas torturadas pela ditadura chilena (e também pessoas que defendem Pinochet!); com uma sobrevivente dos “esquadrões da morte” em El Salvador; e até com um ex-agente da CIA, que revela como eles propagam sua guerra particular na América Latina… O filme faz revelações surpreendentes e inquestionáveis, da tragédia e violência imputada pelos EUA e seus aliados locais ás pessoas da América Latina.
John Pilger, é um reconhecido jornalista e escritor australiano, que se dedica á contra-informação e á denúncia das falsidades da democracia capitalista, e das atrocidades cometidas em seu nome. Produziu vários documentários, sendo este um dos melhores dele. (
Fonte:
http://blog.controversia.com.br)

Parte 1




Parte 2




Parte 3




Parte 4




Parte 5




Parte 6




Parte 7




Parte 8




Parte 9




Fonte: Resistir.com

segunda-feira, 19 de abril de 2010

The History Channel - Como Nasceu Nosso Planeta

Documentario muito bom sobre a formação da Terra e a sua evolução.

Parte 1
]

Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10

Como nasceu nosso Planeta - Documentário History Channel

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5

Tsunami - Como Nasceu Nosso Planeta

Os tsunamis são uma das forças naturais mais aterrorizantes, destruindo tudo que está em seu caminho. O Tsunami do sudeste asiático desencadeou uma energia equivalente a 23.000 bombas
atômicas como a utilizada em Hiroshima. Que forças geram essas ondas catastróficas nas profundidades do oceano?

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5

A Islândia é a maior e mais perigosa ilha vulcânica do mundo. Iremos até suas remotas paragens para investigar quais são as forças que estão separando esta ilha. As erupções vulcânicas criam novas ilhas quando a lava seca, mas mesmo assim as paisagens da Islândia estão cobertas de gelo. Um autêntico confronto entre os elementos da natureza, o fogo e o gelo, que travam uma batalha pelo controle da ilha.



Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5

As Piores Catástrofes da História - Vulcões Assassinos 1/4

Este programa explora os vulcões ao redor do mundo, da Itália à Indonésia, da Islândia à América do Norte. Ele examina erupções antigas e discute a probabilidade de novos eventos.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte4

Vulcão Eyjafjallajokull na Islândia

Youtube


Geologicamente, a ilha da Islândia é bastante nova. A Islândia está localizada em um ponto quente geológico causado pela pluma mantélica, e também na dorsal meso-atlântica, que passa exatamente sob o solo da ilha. Esta combinação significa que geológicamente a ilha é extremamente ativa, tendo assim muitos vulcões, entre eles o Hekla, o Eldgjá e o Eldfell. A erupção vulcânica do Laki em 1783-1784 causou a grande fome que matou quase um quarto da população. A erupção provocou o aparecimento de nuvens e fumaça em grande parte da Europa e em partes da Ásia e da África por diversos meses após a erupção.
Dettifoss, a maior queda d'água da Europa, localizada no nordeste islandês.Existem muitos géiseres na Islândia, incluíndo o Geysir, no qual o nome da palavra é derivado. Devido a grande quantidade de força geotérmica e diversos rios e cachoeiras pelo país provedores de hidroeletricidade, a maioria dos residentes têm acesso à água quente por um preço bem baixo. A ilha é composta principalmente por basalto, Dióxido de silício de lava associado com o efusivo vulcanismo como o do Havaí. Porém, a Islândia possui diferentes tipos de vulcões, que produzem riólito e andesito. A Islândia tem controle sobre Surtsey, uma das ilhas mais novas do mundo. Ela surgiu após uma série de erupções vulcânicas entre o dia 8 de Novembro de 1963 e 5 de Junho de 1968./

BBC


Vulcão em geleira dá sinais de nova erupção na Islândia
Centenas de pessoas tiveram que ser removidas depois de sinais de uma segunda erupção de um vulcão na Islândia. O vulcão, que já havia entrado em erupção no mês passado, lançou fumaça preta e vapor no ar, e causou o derretimento parcial de uma geleira.

Rede Globo



A erupção do vulcão foi causada pela abertura de uma fissura de cerca de 300 a 400 metros de extensão. O vulcão estava adormecido havia 200 anos e sua atividade é perigosa para quem se aproxima.



O repórter Fábio Fachel passou de helicóptero pela boca do vulcão Eyjafjallajokull. Segundo os geólogos, a fumaça lançada pela montanha pode ser um sinal de algo maior que está por vir.



As casas que estavam no caminho das cinzas ficaram cobertas por uma lama negra. Ao todo, 700 moradores da região tiveram que abandonar suas casas, sem ter nenhuma previsão de quando poderão voltar.
Fonte: G1

domingo, 18 de abril de 2010

The Corporation


A Corporação (The Corporation)
Dir: Mark Achbar e Jennifer Abbott
Roteiro: Joel Bakan
Canadá, 2004.

Por Tiago Soares
Em 1886, o condado de Santa Clara, nos EUA, enfrentou nos tribunais a Southern Pacific Railroad, poderosa companhia de estradas de ferro. No veredicto, sem maiores explicações, o juiz responsável pelo caso declarou, em sua argumentação, que "a corporação ré é um individuo que goza das premissas da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe ao Estado que este negue, a qualquer pessoa sob sua jurisdição, igual proteção perante a lei". Isso significa que, a partir daquele momento, era estabelecida uma jurisprudência através da qual, perante as leis norte americanas, corporações poderiam considerar-se como indivíduos.
Apesar do peculiar raciocínio por trás do veredicto do caso de Santa Clara, corporações, é claro, não podem ser consideradas como "pessoas". Tecnicamente, elas nada mais são do que um instrumento legal através do qual determinado negócio é transformado numa estrutura cujo funcionamento transcende as limitações individuais de seus responsáveis de carne e osso. Por conta disso, apesar das posições individuais de seus fundadores, e mesmo após a morte destes, uma corporação segue em sua existência, operando como um "organismo" autônomo em busca de um objetivo bastante específico - o lucro.
Mesmo assim, ainda que o bom senso determine uma linha bastante clara entre pessoas reais e corporações, ambas seguem merecendo, perante a Constituição dos EUA, o mesmo tipo de tratamento. Mas, e se corporações fossem mesmo indivíduos? Que tipo de gente seriam? Em busca da resposta para essa questão, o escritor Joel Bakan e os cineastas Mark Achbar e Jennifer Abbott resolveram adentrar os subterrâneos do mundo e da cultura corporativa, analisando os motivos e conseqüências das ações das companhias transnacionais através de um método de estudo que, distanciando-se da análise sócio-política, aproxima-se da psicanálise. O trabalho dos três, que resultou no documentário A Corporação (The Corporation), aponta para uma conclusão perturbadora.
Lucros sem culpa
O documentário, baseado no livro The corporation - the pathological pursuit of profit and power*, de Joel Bakan (que também assina o roteiro do filme), é uma profunda e divertida análise do mundo corporativo. A partir do estudo de crimes cometidos por transnacionais, e de dezenas de entrevistas com gente direta ou indiretamente ligada ao mundo corporativo, como ativistas de esquerda e de direita, acadêmicos, jornalistas, executivos, e espiões industriais, os autores fazem uma radiografia das corporações como "seres" autônomos, que funcionam de acordo com um conjunto específico e determinado de regras e motivações, bastante distintas daquelas partilhadas entre os homens comuns. Um "comportamento" que, de tão voltado à busca pela realização pessoal em detrimento de qualquer dano causado a terceiros, resvalaria, segundo alguns dos entrevistados, na psicopatia.
Montado sobre uma estrutura ágil, baseada numa esperta colagem de cenas de filmes B, vídeos institucionais antigos, imagens documentais e entrevistas nas quais, contra um fundo negro, representantes das mais distintas correntes políticas, como Noam Chomsky, Milton Friedman, Sir Mark Moody-Stuart (ex-dirigente mundial da Shell) e Vandana Shiva têm seu discurso contextualizado em relação ao "comportamento" institucional das grandes corporações, o filme faz uma análise dos vetores "psicológicos" responsáveis por regular o relacionamento das grandes companhias com o indivíduo - social, cultural e politicamente.
Criadas com o objetivo único de tornar mais eficiente o acúmulo do capital, corporações seguem uma dinâmica própria, que transcende as vontades individuais de seus acionistas e executivos. Mas, mais do que criar estruturas de produção viciadas, a lógica do lucro é responsável também pelo modo como é construída a cultura corporativa e suas noções de responsabilidade social e política. "Pedir a uma corporação que seja socialmente responsável faz tanto sentido quanto pedir a um edifício que o seja", dispara, em depoimento, Milton Friedman, economista vencedor do prêmio Nobel. Ou, como lembrado em outra entrevista, desta vez pelo historiador Howard Zinn, "corporações sempre foram amigas de políticas totalitárias".
Isso é refletido também nas relações de trabalho. Seja no que diz respeito à dissociação entre atos individuais de funcionários e realizações criminosas cometidos pela companhia, seja na desumanização do processo de produção, existe, no ideal corporativo, algo próximo da diminuição do homem à condição de máquina. O esforço humano despe-se de qualquer carga moral ou ideológica, aproximando-se de um ideal de eficiência análogo à idéia pré-fordista de automatização. As cenas e depoimentos do filme sobre as rotina de trabalho nas sweatshop (veja texto) são a demonstração desse processo.
Por amorais, as grandes transnacionais têm no lucro o único mediador de suas responsabilidades e ações em relação ao público. A não ser que interfira de alguma maneira em sua capacidade de acumular capital, corporações não se sentem responsáveis por danos políticos, sociais, ambientais ou culturais que possam causar. Uma atitude que, em casos extremos, pode levar grandes companhias à autodestruição. "Como um mercador que, de tão ganancioso, vende a corda com a qual ele próprio vai ser enforcado", afirma, no documentário, o jornalista e documentarista Michael Moore.

Chamando o blefe
Produto de intensa e ampla pesquisa, A Corporação procura, mais que trazer o debate sobre poder corporativo à agenda do dia, criar mobilização. "Nós queremos mostrar às pessoas que elas ainda podem mudar as coisas", disse, em entrevista à agência de notícias IPS, o roteirista Joel Bakan. O caráter de guerrilha, que permeia todo o filme, é estendido também à estratégia de divulgação. Sem grandes investimentos em publicidade, os realizadores do filme apostam na propaganda boca-a-boca para conquistar espectadores. No que depender da recepção ao documentário em festivais ao redor do mundo, a publicidade positiva parece certa. Vencedor do prêmio de melhor documentário nos festivais de Sundance e Amsterdam, o filme tem tido recepção calorosa de público e crítica ao redor do mundo. No Brasil, foi exibido no festival É Tudo Verdade, além de estar programado para o festival de cinema de Brasília, em junho.
Obra essencial da nova safra de documentários críticos do modelo de produção desumanizado, como Tiros em Columbine e Supersize Me (ainda inédito no Brasil), A Corporação pretende, com seu mergulho nos sombrios e amorais subterrâneos da "psique" corporativa, lembrar que a sociedade não é impotente ante o monstro que criou. Afinal, como lembra a ativista Vandana Shiva, "Em todo o período da história... eventualmente, se você chamar o blefe, as mesas acabam sendo viradas".
Fonte: http://www.comciencia.br/200405/resenhas/resenha2.htm

Veja o Documentário

Democracia nas ruas

Democracia nas ruas (THIS IS WHAT DEMOCRACY LOOK'S LIKE) – documentário sobre as mobilizações em 1999 contra a globalização capitalista em Seattle por ocasião da reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio)


Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Fonte:
http://pimentanegra.blogspot.com/2009/12/democracia-nas-ruas-this-is-what.html

História da Escrita

Filme produzido pela FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação - São Paulo - Brasil

História da Escrita - parte01


História da Escrita - parte02

Especial Paulo Freire

Paulo Freire O Pedagogo da Liberdade


Educadores do Brasil, Paulo Freire (video 1 de 7)


Educadores do Brasil, Paulo Freire (video 2 de 7)


Educadores do Brasil, (video3 de 7)


Educadores do Brasil, (video4 de 7)


Educadores do Brasil, (video5 de 7)


Educadores do Brasil, (video6 de 7)


Educadores do Brasil, (video7 de 7)


PAULO FREIRE: REFLEXÕES


Paulo Freire - Última Entrevista - Parte I


Paulo Freire - Última Entrevista - Parte II


Paulo Freire: MST e a Busca da Autonomia.


Paulo Freire e Marxismo


Paulo Freire - Ëtica - Uotpía


Paulo Freire - Pedagogía


Paulo Freire - El proceso de conocimiento


Paulo Freire - Política

Mataram Irmã Dorothy

No dia 12 de fevereiro de 2005, irmã Dorothy Stang, uma freira norte-americana de 73 anos, naturalizada brasileira, foi baleada 6 vezes e abandonada á beira de uma estrada da Floresta Amazônica. Quem era essa mulher e por que ela foi assassinada? O que será feito a respeito deste crime? As respostas talvez impliquem no próprio destino da floresta.
Mataram Irmã Dorothy é um documentário longa-metragem impactante, de conteúdo dramático, que investiga e acompanha o julgamento dos assassinos da irmã e faz uma análise do seu trabalho na Amazõnia.

Trailer


Baixe o Filme clicando
aqui

Wagner Moura em depoimento - Mataram Irmã Dorothy



Absolvição de acusado de mandar matar Dorothy custou R$ 300 mil, diz carta
A carta, escrita à mão por Tato em junho de 2007, oito meses após a produção do vídeo, foi enviada ao Ministério Público Estadual.
Nela, ele afirma que vinha recebendo "muita pressão" do fazendeiro e que, se não corroborasse a versão da defesa, não iria ficar "vivo na cadeia".
Diz também que, "para ajudar" o fazendeiro, participou de "uma fita gravada com um repórter [...] que veio aqui. Eu fiz isso porque eu fiquei com medo". "A verdade é que ele [Bida] mandou o Rayfran [das Neves, outro condenado] matar a irmã Dorothy", escreveu.
A outra declaração é o depoimento de abril do ano passado dado por Clodoaldo Carlos Batista, que estava com Rayfran no momento em que este atirou em Stang. Clodoaldo cumpre 17 anos de prisão por participação na morte.
Segundo disse, a gravação que absolveu Bida "custou R$ 300 mil, sendo uma terra no valor de R$ 150 mil [no sul do Pará], dois carros [um deles no valor de R$ 30 mil] e mais uma quantia R$ 12 mil".
De acordo com Clodoaldo, todos os bens foram entregues à mulher de Tato por um funcionário de Bida. Clodoaldo afirmou também que os valores e a negociação foram relatados a ele pelo próprio Tato.
Matéria Completa na Folha OnLine
Condenação de carrasco de Dorothy é exceção, não regra
Após mais de 14 horas de julgamento, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura foi condenado a 30 anos de prisão nesta segunda (12) por ter encomendado a morte da irmã Dorothy Stang. Segundo o repórter João Carlos Magalhães, da Folha de S. Paulo, o juiz Raimundo Flexa afirmou, em sua sentença, que a personalidade de Vitalmiro é “perversa e covarde” e seus atos “negam a própria racionalidade humana”.
Um alento em meio ao exército de mortos que espera Justiça na Amazônia: Bida, como é conhecido Vitalmiro, é o único mandante de crimes agrários preso no Pará.
Proprietários rurais ou grileiros que acreditam deterem o monopólio de violência em regiões em que o poder público é cooptado, subjulgado ou parceiro do poder econômico, têm licença para matar no Pará. Pois possuem a certeza de que, na esmagadora maioria das vezes, só peixe pequeno é pego. O que, convenhamos, não é exclusividade de crimes agrários no Brasil. A condenação de Bida leva a uma mudança de paradigma? Nem de perto. Está distante o dia em que o Estado garantirá que essas pessoas saibam que também estão sujeitas aos rigores da lei.
Há cinco anos, a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros – um deles na nuca – aos 73 anos, em uma estrada vicinal de Anapu (PA). Ela enfrentava ameaças de morte de fazendeiros da região, descontentes com sua defesa dos Programas de Desenvolvimento Sustentável como modelos de reforma agrária na Amazônia. Vitalmiro Bastos de Moura, um dos fazendeiros acusados de mandantes do crime, chegou a ser julgado e condenado a 30 anos de prisão em 2007. Acabou inocentado no segundo julgamento, em maio do ano seguinte. A Justiça, então a pedido do Ministério Público, anulou a absolvição em 2009 e decretou nova prisão – o que foi seguido de um habeas corpus obtido no Superior Tribunal de Justiça para que ele permanecesse em liberdade. Finalmente, a liminar foi cassada em fevereiro e ele voltou a aguardar novo julgamento preso.
Bida permaneceu anos na “lista suja” do trabalho escravo – cadastro oficial do governo federal que mostra quem cometeu esse crime. Ele foi flagrado com 20 escravos na fazenda Rio Verde, em Anapu, onde criava bovinos, distribuídos por frigoríficos e açougues à mesa do brasileiro.
Reginaldo Pereira Galvão, outro acusado de mandante do crime, continua no banco dos réus. Tem seu primeiro julgamento marcado para o dia 30 de abril. Outras três pessoas estão presas pelo crime: os pistoleiros Rayfran das Neves (Fogoió) e Clodoaldo Batista (Eduardo) e o intermediário Amair da Cunha (Tato). Como sempre, os mais pobres caíram primeiro. A repercussão internacional do assassinato de Dorothy tornou o caso simbólico, unificando temáticas como a luta pelos direitos humanos, a questão do direito à terra e a preservação ambiental. Mas toda a exposição ainda não foi suficiente para garantir que a Justiça fosse completa com a condenação de todos os mandantes.
A Justiça no Brasil, e mais especificamente a do Pará, continua fracassando. A condenação de Vitalmiro é uma distorção na curva, não um padrão. Não gosto da justificativa de um “Estado ausente”, que causaria toda essa violência. O Estado está muito bem presente na região – basta olhar as placas de financiamento público que enfeitam a paisagem das mesmas fazendas acusadas de crimes contra a dignidade humana. Mas é atua como um restaurante “self-service”, em que os mais poderosos escolhem o que lhes agrada – dinheiro, por exemplo. A parte de respeito aos direitos? Esquece…
Na década de 80 e 90, os fazendeiros do Sul do Pará resolveram acabar com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, um dos mais atuantes na região, e assassinaram uma série de lideranças. Os casos foram a julgamentos, houve condenações, mas os pistoleiros fugiram. Há mais de 200 pessoas marcadas para morrer no Estado. O Massacre de Eldorado dos Carajás, no Sul do Pará, que matou 19 sem-terra e deixou mais de 60 feridos após uma ação violenta da Polícia Militar para desbloquear a rodovia PA-150, vai completar 14 anos de impunidade neste sábado (17).
Não foi o general De Gaulle que disse a famosa frase, mas ela é perfeita: o Brasil não é um país sério. Recebo diariamente notícias do interior dizendo que algum trabalhador rural foi espancado, um indígena foi morto, um sindicalista levou um tiro, uma família de posseiros ameaçada. Se você não respira fundo e tenta reiniciar a CPU no final de cada dia, corre o risco de entrar em uma espiral de banalização de violência. O horror de ontem passa a ser nada diante da bizarrice de hoje, retroalimentado pela impunidade. Afinal, há mais chances de eu ser atingido na rua por um meteoro em chamas do que o Brasil garantir que os seus violadores de direitos humanos sejam sistematicamente responsabilizados e punidos.

Soja: em nome do Progresso.

A expansão da soja na Amazônia tem atraído fazendeiros de outras regiões do Brasil, que se mudam com a ambição de se tornarem ricos rapidamente.
Mas tudo tem seu preço... Comunidades locais são ameaçadas e expulsas de suas terras. E a floresta é destruída para dar lugar à soja.
Para o Brasil, tudo em nome do "progresso". Mas, para aqueles que perderam suas terras e viram a destruição que a soja trouxe para a região de Santarém, o avanço da fronteira agrícola na Amazônia não significa nada a não ser devastação e miséria...
Documentário com narração de Marcos Palmeira.

Parte 1


Parte 2

A riqueza mineral de Carajas - PA

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Fonte: Jornal da Record

Eldorado dos Carajás: chacinas são um bom negócio no Brasil

Marcha Interrompida - MST Eldorado dos Carajas



Por Leonardo Sakamoto

O Massacre de Eldorado dos Carajás, no Sul do Pará, que matou 19 sem-terra e deixou mais de 60 feridos após uma ação violenta da Polícia Militar para desbloquear a rodovia PA-150, completa 14 anos hoje. A estrada estava ocupada por uma marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que se dirigia à Marabá a fim de exigir a desapropriação de uma fazenda, área improdutiva que hoje abriga o assentamento 17 de Abril. A Polícia recebeu ordens de retirá-los e deu no que deu. O Massacre é considerado o maior caso contemporâneo de violência no campo, tanto que esta data passou a ser lembrada como o Dia Mundial de Luta pela Reforma Agrária.
Desde então, a realidade pouco mudou na região. O Pará, sob forte influência de proprietários rurais e de mineradoras, é o estado com maior número de casos comprovados de trabalho escravo e um dos lideres no desmatamento ilegal. É também campeão no número de assassinatos de trabalhadores rurais em conflitos agrários e de lideranças sociais e religiosas que, marcadas para morrer, já têm uma bala batizada com seu nome. Isso sem contar o descaso com a infância, que toma forma de meninas nos bordéis e de meninos em serviços insalubres no campo. Garotas com idade de “vaca velha”, como dizem garimpeiros e peões, ou seja, com 10, 12 anos, trocam a sua alegria pela dos clientes.
O que é justiça? É punir apenas aqueles que apertaram o gatilho ou inclui os que, através de sua ação ou inação, também garantiram que uma tragédia acontecesse? Em 1992, 111 detentos foram mortos na já desativada Penitenciária do Carandiru após uma ação bizarra da Polícia Militar. Mais de 153 pessoas ficaram feridas, das quais 23 policiais. O falecido Coronel Ubiratan Guimarães, que coordenou a invasão/banho de sangue para conter a rebelião, foi eleito posteriormente deputado estadual, tripudiando a memória dos mortos – candidatava-se com o número 14.111. Luiz Antônio Fleury Filho, governador na época do massacre, aprovou a conduta da polícia. Hoje é deputado federal.
E por aí vai: Quem foi responsável pela Chacina da Castelinho, quando um comboio de supostos criminosos foi parado próximo a um pedágio na rodovia Castelinho, em Sorocaba (SP), e 12 pessoas executadas em 2002? E pelo Massacre de Corumbiara (RR), no qual 200 policiais realizaram uma ação armada para retirar cerca de 500 posseiros que ocupavam uma fazenda no município, resultando na morte de dois PMs e nove camponeses, entre eles uma menina de 7 anos em 1995? Ou ainda Vigário Geral, em que 50 policiais militares, que estavam fora de seu horário de serviço, entraram atirando na favela e mataram 21 inocentes em 1993 como uma “prestação de contas”? No caso de Eldorados dos Carajás, as autoridades políticas na época, o governador Almir Gabriel e o secretário de Segurança Pública, Paulo Câmara, não foram nem indiciados.
Todos esses massacres e chacinas têm em comum o fato de vitimarem pessoas excluídas socialmente: camponeses, trabalhadores rurais, pobres da periferia, presos. Enquanto isso, o envolvimento de policiais militares tem sido uma constante. Se, hoje, massacres como os de 10, 20 anos atrás são mais raros, o mesmo não se pode dizer da violência policial. Comportamento que, muitas vezes, é aplaudido pela classe média, pois isso lhes garante o sono diante das hordas bárbaras. Muitas chacinas passaram a ocorrer em conta-gotas, no varejo, de forma silenciosa que não chame a atenção da mídia daí e aqui de fora.
O Poder Judiciário tem sua grande parcela de responsabilidade no clima de impunidade que alimenta a violência. A Justiça, que normalmente é ágil em conceder liminares de reintegração de posse e determinar despejos no caso de ocupações na cidade, é lenta para julgar e punir assassinatos e outras formas de violência contra trabalhadores.
Para que direitos humanos sejam efetivamente respeitados no país são necessárias mudanças reais, pois há impunidade também quando o governo não atua para acabar com a situação de desigualdade ou exploração que estava na origem do conflito. Seja ao permitir que garimpeiros continuem a explorar reservas indígenas, seja ao tolerar que crianças durmam na rua ou trabalhadores precisem perder a vida na luta pela reforma agrária.
Há uma relação carnal que se estabelece entre o patrimônio público e a propriedade privada não só na Amazônia, mas em outras partes do país. Muito similar ao que se enraizou com o coronelismo nordestino da Primeira República, o detentor da terra exerce o poder político, através de influência econômica e da coerção física. O já tênue limite entre as duas esferas se rompe. É freqüente, por exemplo, encontrar policiais que fazem bicos como jagunços de fazendas. O Massacre de Eldorado dos Carajás é um dos tristes episódios brasileiros em que o Estado usou de sua força contra os trabalhadores e a favor dos grandes proprietários de terra.
E, ao final, quem estava no topo da cadeia de responsabilidade pode continuar indo para sua casa tomar um uísque e coçar a barriga. Pois sabe que sua contribuição de violência é apenas mais uma, entre outras tantas que povoam a mídia ou, pior, passam despercebidos dela e da opinião pública.






Fonte:http://noticias.uol.com.br/politica/2010/04/17/eldorado-dos-carajas-chacinas-sao-um-bom-negocio-no-brasil.jhtm


Leia mais:
Violência da polícia quase causa novo massacre em Carajás
Por pouco não termina em tragédia ação das Polícias Militar e Civil do Pará. O fato lamentável ocorreu na sexta-feira (06/11), durante manifestação que reuniu mais de mil Sem Terra.

26 de agosto de 2009
Condenação de culpados por Massacre de Carajás é mantida
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, nesta terça-feira (25/8), recursos dos policiais militares condenados como mandantes do massacre de Eldorado dos Carajás. Os ministros do STJ decidiram manter a condenação de 228 anos de prisão do coronel Mário Colares Pantoja, e de 158 anos e quatro meses do major José Maria Pereira de Oliveira.

20 de agosto de 2009
MST se reúne com presidente do STJ para exigir justiça
Na manhã desta quinta (20/8), integrantes do MST e de movimentos da Via Campesina se reúnem em Brasília com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Rocha, para pedir a manutenção da condenação dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás.

Entrevista com David Harvey, com legendas em português (12/04/2010).

sábado, 10 de abril de 2010

Tabuleiro de cana, xadrez de cativeiro

Documentário produzido pela Comissão Pastoral da Terra - CPT mostra a realidade de milhares de pessoas tratadas como escravas em lavouras de cana pelo país. “A iminente perda da capacidade de sonhar é o que mais chama atenção durante um trabalho como esse. Só há liberdade quando existem pelo menos duas possibilidades de escolha. Do contrário há imposição”, diz o diretor do filme Thalles Gomes.
A CPT acompanha o crescimento do trabalho escravo e a carência de políticas eficazes para o combate dessa prática, promovendo denúncias junto aos órgãos fiscalizadores e a sociedade civil.
Esse Documentário mostra a realidade de milhares de pessoas tratadas como escravas em lavouras de cana pelo país. “A iminente perda da capacidade de sonhar é o que mais chama atenção durante um trabalho como esse. Só há liberdade quando existem pelo menos duas possibilidades de escolha. Do contrário há imposição”, diz o diretor do filme Thalles Gomes.Quase 120 anos se passaram desde a abolição da escravatura e o trabalho escravo continua fazendo parte da realidade de milhares de brasileiros e brasileiras. Embora haja grande dificuldade para que violências humanas e trabalhistas sejam reconhecidas como escravidão pelo poder público, casos sérios de violações à dignidade e aos direitos dos cidadãos(ãs) não são raros no país. A maioria deles é considerado trabalho degradante e não escravo, com a justificativa de que não há coerção por parte dos patrões. Alojamento em casebres inóspitos, alimentação precária, abuso das usinas na pesagem da cana, deslocamento irregular, descontos abusivos por alimentação, moradia e transporte e cargas de trabalho excessivas são alguns exemplos de violações trabalhistas freqüentes.
O documentário “Tabuleiro de Cana, Xadrez de Cativeiro”, produzido pela Comissão Pastoral da Terra, CPT Alagoas, trouxe para as telas um pouco da realidade dos(das) assalariados(as) da cana, dentro de um universo de superexploração, desrespeito aos direitos humanos e trabalho forçado. O projeto que deu origem ao documentário teve início em abril de 2005, quando a CPT de Alagoas retomou seus trabalhos junto às periferias das cidades da zona canavieira do Estado.
“A partir dos relatos dos trabalhadores e de seus familiares, decidimos realizar um documentário que mostrasse os dois pólos dessa rede de exploração. Foram captadas imagens e depoimentos tanto em Alagoas como em Mato Grosso”,
explica Thalles Gomes, produtor e diretor do filme. “Com as visitas fomos percebendo que tudo era bem mais complexo e perverso do que imaginávamos. Mas a própria constatação da existência de trabalho escravo já é revoltante e desconsoladora”, completa.
Para ele a experiência de dirigir um documentário sobre trabalho escravo é a de vergonha. “Tenho vergonha da raça humana. De saber que um ser humano é tratado como uma coisa qualquer, como mercadoria, e que somos todos nós, seres humanos, responsáveis por isso, seja por ação ou omissão”, revela.
O enfoque do filme é o fenômeno migratório dos(das) alagoanos(as), em sua maioria homens entre 18 e 40 anos, para o trabalho nas usinas de Mato Grosso. “A partir de depoimentos dos canavieiros do município de Joaquim Gomes, pudemos perceber a rota de migração estabelecida há mais de uma década para o Mato Grosso, ignorada pelos órgãos fiscalizadores”, revela Lilian Nunes, agente pastoral da CPT Alagoas, produtora e roteirista do documentário.
Segundo ela, a abertura do mercado de açúcar e do álcool para a Europa e o Japão, bem como a retomada do pró-álcool pelo governo federal, aumentaram as áreas de produção de cana e, conseqüentemente, a exploração dos(das) trabalhadores(as). “Visando seus lucros e competitividade, os usineiros e fornecedores de cana estão repassando o ônus do aumento da produção para os canavieiros: longas jornadas de trabalho e baixos salários”, afirma. O Brasil é o maior exportador de açúcar e álcool do mundo. O setor sucroalcooleiro movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano.
O principal objetivo do documentário é divulgar para a sociedade brasileira e internacional o custo social proveniente do aumento das exportações de açúcar e etanol. A idéia é denunciar essa realidade e instigar as pessoas para que reflitam sobre a existência de trabalho escravo em pleno século XXI.
O filme está sendo exibido, também, nas próprias comunidades de assalariados(as) da cana e nas periferias de cidades onde há vítimas em potencial. Trata-se de um trabalho de formação que visa alertar os(as) migrantes sobre a importância do deslocamento para outras cidades apenas com um vínculo empregatício garantido.
“O sentimento de ilusão diante de uma realidade que julgavam diferente ecoa em todos os depoimentos colhidos. Antes de serem levados para outras regiões do país pelos 'gatos' contratados pelas usinas, os trabalhadores são abordados com falsas promessas de salários altos e contratação regular”, explica Lilian Nunes.
Além disso, faz parte de um processo de informação para que os(as) trabalhadores(as) “compreendam o alcance dos seus direitos e saibam a quem recorrer diante de situações de exploração e degradação de sua dignidade”, completa ela.
Durante as gravações, as dificuldades não foram poucas. Além da falta de condições financeiras para a utilização de equipamento profissional, a equipe, muitas vezes, estava resumida a duas pessoas. Nenhuma autorização foi pedida às usinas para que gravassem os depoimentos, as condições de trabalho e alojamento. “Sabíamos que não permitiriam ou só mostrariam o que lhes conviesse. Apesar de certo risco e receio, não houve nenhum incidente. Pelo menos até agora”, conta Thalles Gomes.
Em novembro, o documentário será lançado também na França e na Itália. Há a possibilidade de uma parceria com a Procuradoria Regional do Trabalho para a distribuição de cópias para todo Brasil. Além disso, outras entidades e órgãos de defesa dos direitos humanos estão sendo contatados pela CPT Alagoas para endossar a Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.
A TV é também um objetivo mas, de acordo com Lilian Nunes, a dificuldade em conseguir espaço na mídia é grande. “Um documentário sobre trabalho escravo, por se tratar de um tema delicado e até incômodo, encontra muita resistência”, revela.
Veja O Documentário (4 partes)
Parte 1/4



Parte 2/4


Parte 3/4


Parte 4/4

Conversas de Crianças

Sinopse: O cotidiano de crianças e adolescentes nos acampamentos e assentamentos do Movimento dos Sem Terra. As relações com o trabalho, a escola, as brincadeiras.

Direção: José Roberto Novaes, Paulo Pestana
Tipo: Documentário
Formato: Vídeo (Betacam)
Ano Produção: 1998
Origem: Brasil (RJ)
Cor / PB: cor
Duração: 22 min.


Veja o Documentário

O massacre de Corumbiara


Mais dez anos de violência e impunidade
Por Helena Angélica de Mesquita - (Fonte: Revista Caros Amigos)
No dia 9 de agosto de 2005 completam-se dez anos do massacre de Corumbiara e quero trazer aqui uma pequena lembrança aos leitores. Este texto é um recorte do quarto capítulo da minha tese de doutorado cujo título é: "Corumbiara: o Massacre dos Camponeses. Rondônia, 1995". A tese trata da questão da luta pela terra no Brasil, e enfoca o massacre dos trabalhadores sem terra que aconteceu na fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara, Rondônia, em agosto de 1995. As principais fontes de consulta foram o "Processo Judicial Caso Corumbiara" e as entrevistas com as pessoas envolvidas, especialmente os camponeses, vítimas do massacre.
O conflito na fazenda Santa Elina tem a mesma gênese de muitos outros que já ocorreram, afinal a luta pela terra no Brasil é secular e institucional. São os índios lutando para não perder seus territórios, são os negros lutando pela liberdade, são os camponeses expropriados tentando voltar à terra, enfim milhões de brasileiros lutaram e lutam por terra no país do latifúndio. O massacre de Corumbiara é a explicitação dessa luta. É mais um conflito por terra onde o Estado interferiu e mostrou de que lado está. O mesmo Estado que gera e alimenta o latifúndio há mais de cinco séculos, ao defender a concentração da terra e o "sagrado direito á propriedade" em detrimento ao direito á vida, como foi em Canudos, Contestado, Corumbiara, Eldorado do Carajás...

O Conflito na fazenda Santa Elina
No dia 14 de julho de 1995, centenas de famílias de trabalhadores rurais sem terra ocuparam uma pequena parte dos 20 000 ha da Fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara. Como era uma área de mata, os camponeses construíram os barracos sob as árvores mais altas para proteger a pequena cidade de lona dos constantes vôos de intimidação praticados por fazendeiros e policiais. A ocupação da Fazenda Santa Elina foi um dos 440 conflitos por terra que ocorreram no Brasil em 1995 e um dos 15 que aconteceram em Rondônia naquele ano (dados da Comissão Pastoral da Terra).
A justiça foi muito rápida em atender os latifundiários. No dia 19 de julho já havia sido expedida a liminar de manutenção de posse e um grupo de policiais chegou muito cedo ao acampamento para dar-lhe cumprimento. Nesse dia, um posseiro foi ferido à bala pelas costas. O fracasso dessa tentativa motivou a criação de uma comissão para intermediar o conflito. A comissão era formada pelo secretário do Governador, um deputado do Partido dos Trabalhadores, o diretor do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), um representante do Instituto de Terras de Rondônia (ITERON) e o vereador Manuel Ribeiro, o Nelinho do PT (assassinado quatro messes depois).
Na madrugada do dia 09 de agosto, 194 policiais, inclusive 46 da Companhia de Operações Especiais (COE) e outro tanto de jagunços e guachebas fortemente armados, cercaram o acampamento e começou o massacre de Corumbiara. Desde a véspera o acampamento já estava sitiado mas os posseiros não tinham conhecimento disso, pois quem tentava sair ou chegar, era preso. O isolamento foi total e o cerco se fechou de madrugada.

O Massacre de Corumbiara
Os camponeses que viveram vinte e cinco dias na esperança da terra prometida, de repente abismaram-se num inferno dantesco, onde homens foram executados sumariamente, mulheres foram usadas como escudos por policiais e jagunços, 355 pessoas foram presas e torturadas por mais de vinte e quatro horas seguidas e o acampamento foi destruído e incendiado com todos os parcos pertences dos posseiros. O acampamento foi atacado de madrugada com bombas de gás que a todos sufocava, especialmente as crianças. O tiroteio era ensurdecedor.
Naquele dia morreram onze pessoas, inclusive a pequenina Vanessa, de apenas seis anos, cujo corpinho foi trespassado por uma bala "perdida". Cinqüenta e cinco posseiros foram gravemente feridos. Os laudos tanatoscópicos provaram execuções sumárias. O bispo de Guajará Mirim recolheu amostras de ossos calcinados em fogueiras do acampamento e enviou à Faculté de Médicine Paris-Oeste que confirmou a cremação de corpos humanos no acampamento da Fazenda Santa Elina.
Na apuração dos fatos, nos processos judiciais e no júri, ficou evidenciado que os camponeses é que pagaram muito caro por terem sonhado com o acesso a terra. Ninguém foi responsabilizado pelas torturas que aquelas pessoas sofreram, os órfãos e as viúvas estão desamparados, existe gente desaparecida até hoje, e muitos trabalhadores estão debilitados física e emocionalmente, impossibilitados de trabalhar por seqüelas causadas pelos maus tratos recebidos durante a "desocupação" da fazenda Santa Elina.
O Júri Popular que aconteceu em Porto Velho no período de 14/08 a 06/09 de 2000 comprovou que a justiça brasileira, especialmente em Rondônia, está a serviço do latifúndio. A condenação dos sem terra Cícero Pereira Leite Neto e Claudemir Gilberto Ramos, mesmo sem prova nos autos, e a exaltação, pelo próprio Ministério Público, dos oficias que executaram aquela ação repressiva e criminosa coordenada e financiada por fazendeiros, foi prova evidente que a impunidade prevalece e que o crime do latifúndio contra o campesinato ainda compensa.

Corumbiara hoje...
Então, meus caros amigos, não podemos esquecer as Corumbiaras da vida e a última notícia de Corumbiara é que todos os recursos interpostos á justiça pelos advogados dos dois sem terra foram negados. O resultado final é que o processo "caso Corumbiara" transitou em julgado em 15/05/2005, ou seja, a justiça tratou como igual o que é muito diferente, transferiu para as vítimas a responsabilidade por um dos piores massacres já impingido aos pobres desse país. Cícero e Claudemir já estavam condenados desde que ousaram desafiar o latifúndio, desde que sonharam um sonho que é mesmo sonho de seus pares. Não podemos pactuar com mais essa injustiça! Não podemos aceitar a prisão de Cícero e Claudemir, afinal não foram eles que derramaram sangue de inocentes em Corumbiara. No século 21 o pacto das elites agrárias continua sendo feito e refeito, mas os camponeses continuarão sua luta em busca
de justiça e sua trajetória rumo à liberdade.
Fonte: MST


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