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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Reflexões sobre o documentário “Muito Além do Cidadão Kane”

Reflexões sobre o documentário “Muito Além do Cidadão Kane”...


Olá pessoal ...

Esta postagem busca relembrar um documentário muito famoso da década de 1990, intitulado “Muito Além do Cidadão Kane”.
Como mencionado abaixo pela sinopse, este documentário foi proibido no Brasil, pois expõem as relações “duvidosas” que a Rede Globo e seu presidente até então – Roberto Marinho – tinham com entidades da sociedade civil e com o próprio governo e também torna evidente algumas artimanhas misteriosas de outras emissoras brasileiras. Os principais assuntos apresentados são: os cortes e manipulações efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989; apoio a ditadura militar e censura a artistas, como Chico Buarque que por anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora; criação de mitos culturalmente questionáveis, veiculação de notícias frívolas e alienação humana. O documentário também apresenta depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira.
Ter consciência dos fatos apresentados nos faz ver a indústria midiática brasileira com outros olhos e nos faz perceber que estamos cercados por meia dúzia de famílias que controlam diariamente o que vemos, ouvimos e pensamos. Isso será fundamental para o desenvolvimento de uma consciência critica perante os bombardeios de informações que recebemos diariamente.
Não penso que teremos um dia uma mídia imparcial. Afinal, o que é imparcialidade? É ela possível? Somos seres pensantes e, portanto, parciais. No entanto, precisamos estar atentos as intenções e as más-intenções que são advindas dos meios de comunicação e que, em muitas vezes, aceitamos de modo passivo. Precisamos ter em mente que a burguesia para se manter no poder, enquanto classe, precisa reproduzir seus valores, anseios, desejos e interesses, que são antagônicos daqueles que são integrantes das classes exploradas, a fim de naturalizá-los e torná-los universais; mas para isso, há a necessidade de  reproduzi-los em larga escala. Utilizando-se de vários meios para reproduzir seus valores, a burguesia também utiliza da mídia. Como Marx já afirmava no século XIX tudo é mercadoria. No capitalismo, a mercadoria é fundamental para a manutenção dos privilégios burgueses. Assim, eles transformam a informação em uma mercadoria, para continuarem reproduzindo sua posição dominante.
Assim, de um lado, os valores da burguesia serão reproduzidos por meio da (des)informação quando se criam formas de possibilitar a sua mercantilização, ou seja, quando se transfere os meios de comunicação em massa para a esfera do consumo. E com este consumo, os indivíduos consomem também os valores burgueses. E de outro, a burguesia aumentando o consumo da (des)informação, aumenta seu lucro, que é obtido na venda dessas mercadorias, naturalmente, isso aumenta seu poder material e, portanto, seus privilégios.
O documentário a seguir é de grande contribuição para as reflexões mencionadas anteriormente. E pode contribuir para sermos ainda mais seletivos quanto ao que vemos e ouvimos.
Abaixo estão as principais informações sobre o documentário em questão. Vale ressaltar que, ao baixar as 4 partes (foi dividido para facilitar o download), você terá o documentário sem cortes e sem edição – um arquivo raro e ainda mais completo.
Vejam e reflitam...


MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE

FICHA TÉCNICA

Título original: Beyond Citizen Kane.
Lançamento: 1993 (BRA).
Direção: Simon Hartog.
Duração: 93 min.
Gênero: Documentário.
Sinopse: É um documentário produzido pela BBC de Londres - proibido no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial - que trata das relações sombrias da Rede Globo de Televisão (Roberto Marinho) e das demais emissoras de TV aberta do Brasil com o cenário político brasileiro.

DOCUMENTÁRIO (PARTE 01)*:
 Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 02)*:
 Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 03)*:
 Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 04)*:
 Download Aqui
 

domingo, 18 de dezembro de 2011

1984 - George Orwell


 




















1984, Londres. 
O Reino Unido está sob o regime socialista, sendo controlado com mão de ferro pelo partido. Há em todo lugar telas de TV, que servem como os olhos do governo para saber o que os cidadãos fazem. No intuito de controlá-los são exibidas constantemente imagens através destas mesmas telas, relatando as batalhas enfrentadas pela Oceania em outros continentes. Winston Smith (John Hurt) vive sozinho e trabalha para um dos departamentos do governo, manipulando informações de forma que as notícias sejam positivas para a população. Até que, um dia, ele passa a se interessar por uma colega, Julia (Suzanna Hamilton), que o leva até os arredores da cidade. Eles passam a ter um relacionamento, algo proibido pelo partido, que deseja eliminar a libido na população.

Título Original: 1984
Gênero: Ficção/Drama
Direção: Michael Radford
Elenco: John Hurt, Richard Burton, Suzanna Hamilton, Cyril Cusack.
Tempo de Duração: 113 min
Ano de Lançamento: 1984
Vídeoteca

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

10 tácticas para transformar informação em acção


Vivemos numa situação paradoxal. Nunca em Portugal e na Europa, as forças de repressão foram aparentemente tão débeis, mas nunca as massas exploradas foram tão passivas. A qualquer gesto austero por parte das elites governantes em nome da orientação financeira mercantil, responde-se com uma completa inacção, própria de uma consciência facilmente moldável ao entretenimento de massas. Ainda assim, a consciência insurreccional sempre dorme com um olho aberto. A arrogância, incompetência e impotência das classes governantes acabarão finalmente por um dia despertá-la do seu sono.

Posto isto, a acção gratuita é a única arma capaz de uma absoluta ruptura com a poderosa máquina de auto-destruição desencadeada pela sociedade de consumo, que prescreve a linha de base da mentalidade submissa à cobiça, ao ganho financeiro, ao lucro e a predação.


“10 tácticas para transformar informação em acção", documentário do colectivo Tactical Tech, explora o uso de tecnologias e plataformas dos mass media, como o Google Earth, Twitter e Facebook, em defesa dos direitos humanos no mundo em desenvolvimento.

Este documentário fornece maneiras originais e engenhosas usando ferramentas, dicas e conselhos para os defensores dos direitos humanos capturarem a atenção e comunicarem uma causa. O filme traz histórias de 25 organizações defensoras dos direitos humanos ao redor do mundo que usaram com sucesso as informações e as tecnologias digitais para criar mudanças positivas. Isso inclui a história de Noha Atef, cujo blog TortureinEgypt.net levou à libertação de prisioneiros ilegalmente detidos no Egipto. Na Índia, Dina Mehta explica como ela fez parte de um grupo online que usou o Twitter para conseguir doadores de sangue e outros apoios essenciais para os hospitais durante os ataques terroristas em Mumbai. Ou a organização popular na Birmânia que recorreu a blogs para escapar à censura da junta militar e através da fotografia e do video divulgar os abusos dos direitos humanos.


A ascensão das tecnologias e da popularidade crescente do nível de usuário de ferramentas e serviços têm sido importantes para as comunidades marginalizadas, porque elas criam mais oportunidades para a auto-publicação e partilha de informações dinâmicas. Elas são importantes para os defensores dos direitos permitindo a abertura de novos canais de divulgação e desenvolvimento de técnicas para a luta. A proliferação dos telemóveis abre também novas oportunidades para a organização e mobilização em maneiras que eram inimagináveis. Como cada uma dessas tecnologias é tomada, elas tornam-se cada vez mais entrelaçadas: telemóveis que comunicam com websites; sites que se tornam estações de rádio. O mundo real e o mundo online em interconexão.

Assim como cada nova tecnologia tem o potencial de trazer novas oportunidades e liberdades, também apresentam novos desafios, dificuldades e formas de repressão, através de novas formas de censura e ameaças à privacidade. Esta questão é extremamente importante para os activistas que lidam com informações sensíveis em ambientes hostis e para as comunidades marginalizadas para os quais a tecnologia pode ser uma "faca de dois gumes", pois carrega o duplo potencial de libertar e depois marginalizar.

As pessoas devem ser capazes de agir sobre questões que afectam as suas vidas, elas devem ter acesso a informações precisas e aos meios e à liberdade para responder a esta informação. Infelizmente, isso nem sempre é o caso. Indivíduos, especialmente os de comunidades marginalizadas, muitas vezes não dispõem dos meios para acederem e criarem informação. Aqui fica registado a participação limite, em muitas regiões do mundo, dessas comunidades marginalizadas.

10 TACTICS for turning information into action

1. mobilise people

2. witness and record
3. visualise your message
4. amplify personal stories
5. just add humour
6. manage your contacts
7. use complex data
8. use collective intelligence
9. let people ask the questions
10. investigate and expose

http://www.informationactivism.org/
http://www.tacticaltech.org/10tactics

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Muito além do Cidadão Kane


Por Matheus Silva - Universidade Federal de Ouro Preto
No dia 10 de março de 1993 foi emitido no canal britânico Channel 4, um documentário intitulado "Brasil: Muito Além do Cidadão Kane". O diretor do documentário, Simon Hartog, apresenta o empresário Roberto Marinho (1904-2003) como um exemplo alarmante da concentração de poder da imprensa do Brasil — daí a referência do título à personagem de Orson Welles no filme Cidadão Kane, que por sua vez faz alusão direta ao magnata das comunicações dos Estados Unidos, William Randolph Hearst.
Como o documentário mostra, o domínio crescente da TV Globo na imprensa brasileira envolve contratos ilegais com empresas estrangeiras, um apoio incondicional aos governos ditatoriais no Brasil e tudo o que estiver a seu alcance para garantir seus interesses — o que inclui até a manipulação de debates políticos para eleger o governo, como ocorreu no caso Collor de Mello. Mais do que isso, o filme explica como funciona a política brasileira de comunicações e os critérios arbitrários pelos quais se concedem e renovam as concessões de canais de televisão e rádio.
Para ser exibido na televisão ou repoduzido em vídeo o documentário precisaria da autorização da rede Globo, uma vez que muitas imagens apresentadas eram da própria Globo. Desnecessário dizer que esse documentário nunca foi exibido na televisão. Como era de se esperar, a Globo se recusou a ceder os direitos de exibição de suas imagens.
A manipulação da grande imprensa no Brasil tem uma longa história. Grandes jornalistas já atacavam a corrupção da imprensa na Primeira República. Rui Barbosa denunciou o primeiro presidente brasileiro, Marechal Deodoro da Fonseca, por utilizar o Banco do Brasil para calar uma redação que faria denúncias de fatos sórdidos, com a quantia, na época exorbitante, de 200 contos de réis. Essa prática continuou ao longo dos anos: em diversas ocasiões o Banco do Brasil foi pressionado pelos governantes para fazer grandes empréstimos que jamais foram pagos. Nos anos 50, jornalistas influentes como Assis de Chateaubriand recebiam tais "empréstimos" com freqüência.
Que práticas de corrupção semelhantes ainda acontecem na imprensa brasileira fica evidente em dois episódios recentes. O primeiro é o caso Nassif X Veja. De 2003 em diante o jornalista Luís Nassif apresentou uma série de artigos criticando o antijornalismo da diretoria editorial da revista Veja, que envolveria, entre outras coisas, interesses corporativos, destruição de reputações e tráfico de influências. Segundo Nassif, o banqueiro Daniel Dantas, seria um dos que mais se utilizariam da revista Veja para confundir a opinião pública, valendo-se de ações judiciais, matérias na imprensa com dossiês falsos, entre outras coisas. Depois de fazer tais críticas, Nassif foi alvo de uma tentativa de "assasinato de reputação" em duas colunas na revista Veja, em 14 e 21 de agosto de 2005. A revista também entrou na justiça tentando causar o maior prejuízo possível a Nassif.
Outro episódio recente, mas que diferentemente do primeiro está sendo noticiado diariamente na imprensa, é o caso Elvira Lobato e Folha de São Paulo X Igreja Universal do Reino de Deus. Na reportagem "Igreja Universal Completa 30 anos com Império Empresarial" publicada pela Folha em 15 de dezembro, a repórter Elvira Lobato apresenta uma série de indícios de como Edir Macedo, o dono da Igreja Universal, teria construído um império empresarial de maneira ilícita. A resposta de Macedo foi rápida: Elvira Lobato e a Folha foram alvos de uma enxurrada de processos de fiéis da Igreja (cerca de 50) vindos de todos os cantos do país, que alegaram se sentir ofendidos pela reportagem, mesmo que nenhum deles tenha sido citado pela jornalista.
A constituição brasileira permite que alguém que se sinta ofendido com uma reportagem recorra à justiça. Mas não é este o caso aqui. Estes processos são uma tentativa orquestrada da Igreja Universal de inibir a liberdade de expressão e livre circulação de informação no país. O ato de incentivar os fiéis a recorrer à justiça por si só já constitui um modo de punir a imprensa. Qualquer que seja a decisão dos tribunais, a jornalista e a Folha sairão prejudicadas: basta pensar nas despesas absurdas que o processado deverá arcar com viagens e hospedagens em várias regiões do país além da contratação de advogados para acompanhar cada um dos processos.
O dono da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, é hoje o maior proprietário de concessões de televisão no Brasil. Além das suas 23 emissoras de TV, possui mais 40 emissoras de rádio registradas em nome de pastores de sua confiança. Se o falecido Roberto Marinho já chegou a ter o controle de 32 emissoras além das afiliadas (como mostra o documentário de Simon Hartog), hoje a Globo tem apenas cinco concessões de TV (São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte e Brasília) e a família Marinho tem cerca 10% do capital de 18 afiliadas. A rede Bandeirantes tem 10 concessões de TV assim como o SBT. As emissoras de Edir Macerdo só perdem para a rede Globo em faturamento publicitário, estando em segundo lugar ao lado do SBT.
Com tanto poder para influenciar a opinião pública, Edir Macedo, a família Marinho e o banqueiro Daniel Dantas estão muito além do cidadão Kane. Será que vale a pena enfrentar gente tão poderosa? Elvira Lobato e Luis Nassif estão passando um calvário exatamente por fazer o que qualquer jornalista que se preze deveria fazer no seu ofício: investigar, relatar os fatos e informar a população. Enfrentar os poderosos corruptos por amor à verdade parece uma atitude fútil e sem sentido nesses casos. Bem, talvez possa parecer que é sem sentido, mas não é. A livre circulação de informações e o direito da população à verdade têm se mostrado resistentes ao antjornalismo de Veja e companhia.
A Rede Globo, nesses mais de dez anos da existência do documentário de Simon Hartog, falhou no seu propósito de abafar o caso. Várias cópias ilegais do filme em VHS foram repassadas de mão em mão até que o documentário se tornasse distribuído livremente na internet — só no You Tube a primeira parte do documentário teve mais de 100 mil visualizações. E se é verdade que a Veja fez o possível para causar estragos a Nassif, a revista tem demonstrado uma pequena mudança de tom nas suas edições recentes. Há também suspeitas de que tem procurado obstruir as ferramentas de busca eletrônica às matérias que corroboram a denúncia de Nassif, talvez por medo de que sejam mais divulgadas.
No caso Folha X Igreja Universal já são cinco decisões favoráveis à Folha e à jornalista Elvira Lobato — em algumas dessas decisões os fiéis da Igreja Universal foram condenados por litigância de má-fé, sendo obrigados a pagar multa e custos processuais. Além disso, as reportagens de Elvira Lobato parecem estar na base de um inquérito que a polícia federal acaba de abrir para investigar Edir Macedo. O que mostra que os poderosos não são inatingíveis, mas pessoas de carne e osso e falíveis, como todos nós.


FICHA TÉCNICA
Título Original: Muito Alem Do Cidadão Kane
Gênero: Documentario
Tempo de Duração: 93 min
Ano de Lançamento: 1993

Veja o Documentário